Dentro de um pequeno negócio, existem muitas razões que podem levar o empreendedor a pedir um empréstimo, como gastos para regularizar a empresa, compra de equipamentos iniciais, vontade de investir em uma estrutura melhor ou até se livrar de uma dívida anterior.
Contudo, o que fazer quando não é possível pagar esse empréstimo dentro do prazo? Com o atraso no pagamento, os juros aumentam o valor da dívida e deixam a situação ainda mais difícil de resolver. Nesse caso, um dos caminhos é renegociar a dívida diretamente com o banco, o que pode melhorar as condições de pagamento e permitir que o caixa da empresa se organize novamente. Veja o passo a passo de como fazer esse processo de renegociação:
Defina quanto pode gastar
Como a ideia da renegociação é justamente quitar dívidas, o primeiro passo é entender as finanças da sua empresa e saber quanto dinheiro poderá ser destinado para o pagamento da dívida, de forma que o novo compromisso possa realmente ser cumprido.
Segundo Cristina Tauaf, gerente de microcrédito da Agência São Paulo de Desenvolvimento (Ade Sampa), “antes de procurar o banco, é importante que o empreendedor faça um levantamento de todo dinheiro que entra e sai de seu negócio, ou seja, o seu orçamento mensal. Dessa forma, conseguirá apurar sua capacidade de pagamento, que é o quanto ‘sobra’ ou ‘falta’ de dinheiro após o pagamento de todas as despesas”.
Caso você já possua um planejamento de gastos atualizado, ele pode ajudar bastante nessa tarefa. Nele, você registra tudo que é gasto com contas e despesas extras, além de identificar o que pode ser cortado ou reduzido das finanças. O Portal Cate já ensinou como fazer um planejamento anual de gastos: clique aqui para conferir a dica.
Levando em conta todos os fatores acima, defina o valor para ser usado mensalmente nas parcelas e, se houver condições, uma quantia para pagar à vista.
Descubra o Custo Efetivo Total (CET) da dívida
Após fazer a análise das finanças, o empreendedor precisa “levantar as informações sobre a dívida, tais como quantidade de parcelas a vencer, valor da parcela mensal, taxa de juros e o custo efetivo total, que inclui também as tarifas cobradas. Esse levantamento pode ser solicitado ao gerente do banco ou ser obtido pelo site do Banco Central”, explica Cristina.
O Custo Efetivo Total (CET) é o valor real da dívida. Ele inclui, além das taxas de juros, todos os possíveis encargos e tributos, como a Taxa de Abertura de Cadastro (TAC) ou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Ou seja, o CET mostra de fato qual valor precisa ser renegociado.
Para fazer o levantamento dessas informações pelo site do Banco Central, é necessário acessar o portal oficial da instituição (clique aqui) e fazer um login com o seu cadastro no Governo Federal. Também é direito do consumidor solicitar ao gerente do banco um documento que apresente esses detalhes da dívida em aberto. O documento é conhecido como Demonstrativo de Evolução da Dívida (DED) ou simplesmente como extrato da dívida.
Avaliando as condições de pagamento
Agora que já planejou as finanças e entendeu o estado atual da dívida, é hora de explicar a situação financeira da empresa e solicitar uma renegociação com o gerente do banco. Para Ximene Martins, Analista de Atendimento da Ade Sampa, o empreendedor deve “explicar que tem interesse em pagar, mas que necessita da renegociação para obter condições melhores e pode até demonstrar ao gerente a situação do orçamento mensal de seu negócio”, diz.
Depois que começar a renegociação, o banco vai retornar com uma nova proposta de pagamento. Uma oferta muito comum nessa etapa é o alongamento da dívida, que nada mais é do que um aumento no número de parcelas. Por exemplo: uma dívida que estava parcelada em 12 meses ser alongada para 24 meses, reduzindo o preço das quantias mensais. Contudo, muita atenção! Essa opção pode não valer a pena se as taxas de juros continuarem iguais.
“Se a instituição financeira propõe apenas um alongamento da dívida, sem mexer na taxa de juros, significa que a prestação passará a ‘caber no bolso’, mas o empreendedor pagará juros por um período maior. Ou seja, no final, esse empréstimo sairá mais caro do que o inicialmente contratado, embora as prestações passem a ser mais baixas”, complementa Martins. Por isso, é importante que a renegociação também tenha como objetivo a redução das taxas de juros.
Pense em uma contraproposta
Lembre-se de que, ao receber uma proposta, você não precisa aceitá-la logo de cara: pense sobre as condições que estão sendo oferecidas e, se for o caso, faça uma contraproposta com base na sua capacidade de pagamento.
Se a renegociação não chegar a um acordo, também é possível consultar outras instituições financeiras para avaliar uma portabilidade de empréstimo. A portabilidade é o procedimento que permite transferir a dívida de um banco para outra instituição que ofereça melhores condições de pagamento.
Nesse cenário, é preciso ver com a nova instituição quais são as taxas de juros e o custo efetivo total ofertados. Se a proposta for mais vantajosa para o seu bolso, considere pedir a portabilidade do empréstimo.
Mutirões de renegociação
Sempre fique atento aos mutirões de renegociação. Os bancos, em parceria com órgãos como Banco Central, Procon, Sebrae e Febraban podem lançar campanhas de renegociação com condições mais vantajosas que o normal. Os mutirões abrem uma janela de prazos para que os devedores consigam descontos, alterações nas taxas de juros e condições especiais de parcelamento. Para saber quando eles acontecem, fique de olho no site dos bancos e meios de comunicação oficiais.
Ótimo